23 de out. de 2018

A origem do "chocolate"


A origem do chocolate

A famosa noz de cacau só foi importada em França no reinado de Luís  XIII e vulgarizada sob Luís XIV pela  rainha Maria Teresa que, apreciando  muito particularmente essa deliciosa  bebida, fê-la saborear por toda a corte.  

Muito antes da França, os habitantes  de Guatemala conheciam as propriedades dos grãos de cacau.  

Havia duas espécies bem diferentes:  o “patelux", cacau grosso, de cor avermelhada, sabor acre e amargo, e o "socouascho", um pouco amargo, mas muito perfumado. Este era considerado tão precioso que, sob a sua forma de amêndoa, servia de moeda corrente. Nesse tempo, servia-se o cacau em copos de casco de tartaruga e incrustado de ouro e pedrarias.

Os espanhóis, depois da conquista do novo Mundo, importaram o cacau, e dele fizeram um uso considerável. O pó de cacau, misturado com leite, tinha sido batizado com o nome de chocolate. As ricas crioulas faziam-se servir dele, no ofício do meio-dia, por seus escravos, mas esse hábito foi logo interdito pelos oficiantes. As belas, porém, preferiram renunciar à missa a abandonar o seu chocolate. É, pelo menos, o que conta um historiador, que aproveita a ocasião para dar a entender que as mulheres foram sempre mais ou menos gulosas.

Os grãos de cacau ficaram desconhecidos na Europa, até que negociantes holandeses e ingleses, reconhecendo todo o valor desse fruto, o importassem para o velho continente pelo século XVII.

No fim desse século, o chocolate foi  objeto de vivas discussões, nas quais tomaram parte madame de Maintenon e a princesa de Ursins.

Tratava-se de saber se essa nova beberagem quebrava ou não o jejum da quaresma. As opiniões divergiram muito. Os jesuítas, contudo, declararam que o chocolate, feito na água, não passava de simples bebida, que podia ser ingerida, mesmo na quaresma.

Graças a essa publicidade, o chocolate entrou rapidamente na moda. Fizeram-se então os bolos, as peças montadas e os deliciosos bombons, que todos apreciamos hoje e que provocam tantos pecadinhos de gula entre os meninos.

Sob Luís XV, todos os senhores possuíam uma "bonbonnière" cheia de pastilhas de chocolate e, pelo ano de 1705, criou-se mesmo um novo cargo, o de "chocolateiro da rainha", cargo muito invejado, que tinha por missão fornecer à Sua Majestade guloseimas delicadas e variadas todos os dias.


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Fonte:
Revista Vamos Ler!, edição de 05/01/1939.

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