13 de nov. de 2012

A origem do “Juiz de Paz”


A instituição dos juízes de paz, criada  nos domínios portugueses depois da transformação política de 1634,  já existia em Portugal em tempos bem mais antigos. NO dia 25 de janeiro de 1519 o rei D. Manuel, cognominado o venturoso, mandou criar em todos os concelhos, avindores, ou “concertadores” de demandas, a fim de conciliarem as partes litigantes. Esses tais avindores de D. Manuel, seriam mais adiante os juízes de paz de D. Pedro IV. O nosso dramaturgo Martin Pena escreveu uma comédia cujo título é: “O Juiz de Paz da Roça”, do qual extraímos, a título de ilustração, este espirituoso trecho: “Juiz - Vamo-nos preparando para dar audiência. (Arranja os papéis) O Escrivão já tarda; sem dúvida está na venda do Manuel do Coqueiro... O último recruta que se fez já vai-me fazendo peso. Nada, não gosto de presos em casa. Podem fugir, e depois dizem que o Juiz recebeu algum presente. (Batem à porta.) Quem é? Pode entrar. (Entra um preto com um cacho de bananas e uma carta, que entrega ao Juiz. Juiz, lendo a carta:) “Il.mo Sr. - Muito me alegro de dizer a V. S.ª que a minha ao fazer desta é boa, e que a mesma desejo para V.S.ª pelos circunlóquios com que lhe venero”. (Deixando de ler:) Circunlóquios... Que nome em breve! O que quererá ele dizer? Continuemos. (Lendo:) “Tomo a liberdade de mandar a V.S.ª um cacho de bananas-maçãs para V.S.ª comer com a sua boca e dar também a comer à Sr.ª Juíza e aos Srs. Juizinhos. V.S.ª há de reparar na insignificância do presente; porém, Il.mo Sr., as reformas da Constituição permitem a cada um fazer o que quiser, e mesmo fazer presentes; ora, mandando assim as ditas reformas, V.S.ª fará o favor de aceitar as ditas bananas, que diz minha Teresa Ova serem muito boas. No mais, receba as ordens de quem é seu venerador e tem a honra de ser - Manuel André de Sapiruruca.” - Bom, tenho bananas para a sobremesa. Ó pai, leva estas bananas para dentro e entrega à senhora. Toma lá um vintém para teu tabaco. (Sai o negro.) O certo é que é bem bom ser Juiz de paz cá pela roça. De vez em quando temos nossos presentes de galinhas, bananas, ovos, etc., etc. (Batem à porta.) Quem é?

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É isso!

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