Púrpura, do latim purpura,
diz respeito a um corante vermelho-escuro que se extrai da cochinilha (corante
obtido de insetos coccídeos, vermelho, que contém ácido carmínico). Quanto à
sua descoberta, conta-se que surgiu ao acaso, quando um cão de um pastor
quebrou numa praia de mar uma concha; o sangue que saiu dela tingiu-lhe a boca
de uma cor, que despertou a admiração de todos os que o viram; e pouco fizeram-se
uso da substância em
tecidos. Supõem alguns que esta descoberta deu-se durante o
reinado de Foenis, segundo rei do Tiro, e irmão de Cadmo, há mais de mil e
quinhentos anos antes de Cristo; supõem outros que ela foi feita no tempo em que Minos I reinava em Creta, há
mil quatrocentos trinta anos antes da
era cristã; todavia, a maioria atribui a Hércules Tirio a a invenção de tingir
de púrpura em tecidos, o qual apresentou sua experiência ao rei da Fenícia. Diz-se que este príncipe ficou
com tanto ciúme teve da beleza desta cor que proibiu os seus vassalos de
fazerem uso dela, reservando-a para utilização exclusiva os reis e seus futuros
herdeiros. Moisés, grande legislador e profeta hebreu, fez uso abundante da cor púrpura nos
vestuários sacerdotais. Por exemplo: “Então
disse o Senhor a Moisés: Fala aos filhos
de Israel que me tragam uma oferta alçada; de todo homem cujo coração se mover
voluntariamente, dele tomareis a minha oferta alçada. E esta é a oferta alçada que tomareis deles:
ouro, prata, bronze, estofo azul, púrpura,
carmesim, linho fino...” (Êx.: 25:1-4). Em Roma
apenas os grandes conquistadores, e mais tarde os tinham o direito de trazer a
púrpura. É daí que se cunhou a expressão
“tomar a púrpura”, que ficou sinônimo
de se de fazer proclamar
imperador. No seu da igreja, as vestes de cor púrpura ficou reservado para os seus altos
dignitários, de onde surgiu a expressão “púrpura
romana” como equivalente da dignidade de cardeal. Exemplos do nosso: Padre Antônio Vieira, do “Sermão dos
Bons anos”: “Quando
o céu se veste de vermelho, prognostica serenidade. Sempre a serenidade foi
título natural das púrpuras. E como
aquele Céu animado, como aquele Rei celestial se veste da púrpura de seu sangue, serenidades e felicidades grandes nos
prognostica. que nas ações do tempo e nas palavras do Evangelho iremos
discorrendo por partes”; do “Sermão de S. Roque”: “Quão grande trabalho é ser sol
e ser rei? Entre o Senhor que manda e os súditos que servem há a mesma
diferença que entre o coração e os sentidos. Os travesseiros de ouro de
Salomão. A púrpura podem-na despir
os príncipes quando se deitam, mas os cuidados, que os desvelam, não podem”;
do “Sermão da Primeira Sexta-Feira da Quaresma”: “Se se antojava o apetite e vaidade de Salomão já perdido, que houvesse
prata e mais prata: columnas argenteas, que houvesse ouro e mais ouro:
reclinatorium aureum, que houvesse púrpura e mais púrpura: ascensum purpureum”; em “História do Futuro”: “No mesmo ponto - diz o texto- mandou
Baltasar que o vestissem de púrpura
e que lhe dessem o anel real, e que fosse reconhecido por Tetrarca de todo o
império dos Assírios, que era faze-lo um dos quatro supremos ministros ou
governadores da monarquia.”
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É isso!
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Referência Bibliográfica:
Almanach
familiar para Portugal e Brazil: 1º anno, publicado por: Gualdino Valladares e
Augusto valladares. Tipografia de A.B. da Silva. Braga, 1868.
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