29 de out. de 2012

As Escolas Literárias: o “Barroco”


A palavra Barroco, segundo consta no Aurélio, é de origem pré-romana, com influência do italiano barocco e do francês baroque, referindo-se a uma superfície irregular etc. A época do Barroco inicia-se em 1580, quando Camões morre e Portugal perde sua autonomia para a Coroa espanhola, e termina em 1756, quando se funda a Arcádia Lusitana. Constituindo-se o Barroco numa tentativa de fusão harmônica entre as duas linhas de força que orientavam a cultura renascentista (a medieval e a clássica, respectivamente teocêntrica e antropocêntrica), durante a sua vigência cultivaram-se a oratória, a prosa doutrinária, a poesia, a historiografia, a epistolografia e o teatro. A maior figura dessa época foi o Padre Antônio Vieira, quer por sua ação pessoal, quer pelos méritos de orador e epistológrafo. (Massaud Moisés: “A Literatura Portuguesa através dos textos”). A escola literária Barroco toma denominações diferentes, que variam de uma região para outra da Europa: Gongorismo - estilo do poeta espanhol Gôngora,  termo que os partidários dessa tendência literária utilizam: emprego exagerado de metáforas, trocadilhos, jogos de palavras; Marinismo - de influência do poeta italiano Giambaifista Marini (1569-1625),  caracterizada pela afetação no estilo;  Preciosismo - como tendência literária, volta-se para a perfeição da forma e a sutileza da frase, muito em voga na corte de Luís XIV, o Rei Sol;  Eufuísmo - estilo afetado, extravagante, comparável ao gongorismo português e ao preciosismo francês. Recebeu esse nome em conseqüência da novela de John Lyly: Euphues (Maria da Conceição Castro: “Língua e Literatura”). O barroco é das noções mais discutidas na história da arte. Basicamente, discutem-se os seus caracteres realmente essenciais, suas motivações e seus limites cronológicos e culturais. Também é bastante discutido seu valor estético, por alguns considerado formalista em demasia. O barroco dominou o universo do pensamento e arte europeus durante todo o século XVII e parte do século XVIII, antes do aparecimento do Iluminismo. O interesse critico pelo barroco iniciou-se na Alemanha pós-romântica: Lessing, Burckhardt, Woelflin revogaram a crença dominante de um barroco exclusivamente bruto, massivo, bizarro. Críticos posteriores procuraram ver no barroco uma espécie de amaneiramento formalístico e cerebrino periódico na arte ocidental (A. Medina Rodrigues, Dácio A. de Castro e Ivan P. Teixeira: “Antologia da Literatura Brasileira”). Atuam na linguagem barroca duas coordenadas, ambas ligadas a essa concepção elitizante de arte, que dificultam o seu acesso imediato: o cultismo e o conceptismo. O cultismo é uma tendência que atua sobre a linguagem barroca, explorando efeitos de ordem sensorial, tais como cor, tom, forma, volume, sonoridade, imagens violentas e fantasiosas - enfim recursos que sugerem a superação dos limites da realidade. Já o conceptismo (do espanhol concepto, “idéia”) é uma tendência que atua na linguagem barroca explorando o extrato de significação das palavras, tais como ambigüidade, jogos de palavras e de raciocínios, agudezas e sutilezas de pensamento, analogias, alegorias, etc. (William Roberto Cereja e Thereza A. C. Magalhães: “Português: Linguagens”). Dentre os autores inseridos na escola barroca, destacam-se: Padre Antônio Vieira, em Portugal, e, Gregório de Matos, no Brasil. Em relação ao padre Antônio Vieira, foi ele jesuíta, dedicou quase toda sua vida à catequização dos índios no Brasil, principalmente no Maranhão e Bahia. Teve urna vida longa e muito profícua no ministério sacerdotal e missionário, na diplomacia e na literatura. Foi pregador da Corte e confessor de D. João IV. Da sua vastíssima obra destacam- se, além de mais de 500 cartas, os Sermões, em número de quase 200. Destes os mais notáveis são Sermão pelo bom sucesso das armas de Portugal contra as de Holanda, no qual com apóstrofes Atrevidas ele se dirige a Deus, presente no Santíssimo Sacramento; o Sermão da Sexagésima, no qual ataca a linguagem cultista, portanto, empolada, artificial dos oradores da época  (“Enciclopédia do Ensino Integrado e Supletivo”). A eloquência e o grande domínio da língua, associados à capacidade de desenvolver raciocínios paradoxais, dão a Vieira a característica de autor cultista e conceptista: apresenta, na expressão rebuscada para melhor atingir o ouvinte, características do cultismo e, no jogo de idéias e de palavras, a linguagem conceptista. Notabilizou-se por valorizar os aspectos da vida humana com o intuito de reaproximar o homem de Deus: sua obra tem a intenção de convertei o ser humano à fé católica. Vieira, sendo de uma época em que a punição estava associada à fé cristã, exalta o sofrimento porque é através dele que o homem se torna mártir: o caminho da salvação deve ser trilhado com dor (Paschoalin e Spadoto: “Literatura, Gramática e Redação”). No que concerne à controvertida personagem Gregório de Matos, nasceu na Bahia em 1633 e morreu em Recife em 1696. Cultivou a poesia lírica, satírica e religiosa. Não publicou nada em vida, e o que conhecemos de sua obra é fruto de pesquisas em coletâneas espalhadas ao longo dos séculos. Essa circunstância deixa dúvidas sobre a autenticidade de muitos textos que lhe são atribuídos. Seus poemas líricos e religiosos despertaram, inicialmente, a atenção da crítica, mas hoje sua produção satírica também vem sendo valorizada, pois constitui excelente material do ponto de vista sociológico (pois o autor retrata a sociedade de sua época) e, sobretudo, lingüístico, porque o autor se serve de um vocabulário bem popular, onde são freqüentes até os termos de baixo calão  (Douglas Tufano: “Estudos de Língua e Literatura”).

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É isso!

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