29 de out. de 2012

As Escolas Literárias: o “Classicismo”


O termo Classicismo é formado da palavra clássico e do sufixo ismo, estando fundamentando na literatura e nas artes da Antiguidade greco-latina. A época do Classicismo principia em 1527, quando Sá de Miranda, regressando da Itália, divulga em Portugal os novos ideais estéticos; e termina em 1580, quando falece Canes e Portugal se transfere para o domínio da Espanha. Constituindo a faceta estética da Renascença, o movimento clássico, assim chamado porque objetivava a imitação dos antigos gregos e latinos, deu margem ao cultivo da poesia, da historiografia, da literatura de viagens, da novelística, do teatro clássico e da prosa doutrinária (Massaud Moisés: “A Literatura Portuguesa através dos textos”). A imitação dos modelos greco-romanos da Antiguidade está na base da renovação literária surgida no Renascimento e que tomou o nome de Classicismo. Como nas outras artes, também na literatura isso não significava copiar, mas sim recriar. A partir da técnica  - arte - adquirida no estudo dos clássicos, os escritores renascentistas usavam seu talento pessoal - engenho - para criar suas próprias obras. Dos antigos, retomaram a idéia de que a arte deve fundamentar-se na razão, que controla a expressão das emoções. Por isso, buscavam o equilíbrio entre os sentimentos e a razão, procurando assim alcançar uma representação universal da realidade e desprezando o que fosse puramente ocasional ou particular  (Douglas Tufano: “Estudos de Língua e Literatura”). Foi da Arte Poética de Aristóteles que os artistas do Classicismo retiraram o conceito de imitação ou mímesis. Segundo Aristóteles, a poesia devia imitar a perfeição da natureza ou da sociedade ideal, além de retomar idéias de outros poetas, reconhecidamente importantes por sua obra. Não se tratava de copiar outros autores, e sim de assemelhar-se à sua obra. Petrarca comparava esta semelhança à que existe entre pai e filho: é inegável que se pareçam, mas o filho tem suas características próprias, que o individualizam. O mesmo aconteceria à obra literária: seria semelhante à de Virgílio, Horácio e outros autores da Antiguidade, usando o que eles tivessem de melhor, mas conservando seus traços próprios (Maria da Conceição Castro: “Língua e Literatura”). A redescoberta da cultura grega, que já era divulgada pelos humanistas e agora pela imprensa, mostra que a arte dos antigos era constantemente voltada para o Homem e para a Natureza. Para os gregos, até os deuses apresentavam características humanas e da natureza. Há, portanto, uma identificação entre os valores do século XVI e os valores clássicos que passam a ser cultuados e imitados (Paschoalin e Spadoto: “Literatura, Gramática e Redação”). Dentre os autores inseridos nesta escola clássica, destaca-se o grande poeta português Luiz Vaz de Camões, autor de “Os Lusíadas”. Camões, como poeta lírico, cultivou tanto a medida velha (redondilhas) e os velhos temas da tradição medieval, quanto a medida nova (o decassílabo) e os novos temas de inspiração renascentista. Hábil poeta no manejo de ambas as medidas, Camões alcançou maior sucesso no soneto (medida nova), motivo pelo qual é apontado como um dos três maiores sonetistas da literatura portuguesa, ao lado de Bocage (séc. XVIII) e de Antero de Quental (séc. XIX). O soneto foi uma das formas poéticas mais exploradas na Era Clássica, já que, pela sua própria natureza dissertativa, facilita a reflexão e a exposição de idéias em textos predominantemente conceituais e lógicos (William Roberto Cereja e Thereza A. C. Magalhães: “Português: Linguagens”). “Os Lusíadas” é uma obra inspirada na Eneida de Virgílio e narra fatos históricos da história de Portugal, em particular, a descoberta das Índias por Vasco da Gama, com uma linguagem eloqüente, sintaxe ampla e complexa, bem como a inovação do vocabulário português e idealização da pátria e do povo português, obra essa que inspiram a nossa literatura brasileira, como Prosopopéia, O Uruguai, Vila Rica, Caramuru, A Confederação dos Tamoios, Colombo e a Invenção de Orfeu (A. Medina Rodrigues, Dácio A. de Castro e Ivan P. Teixeira: “Antologia da Literatura Brasileira”).  Inicia-se a ação quando os portugueses navegam, ao mesmo tempo em que no Olimpo, realiza-se o Concílio dos deuses. Baco, desfavorável aos portugueses, arma-lhes uma cilada em Moçambique e outra em Mombaça. Ambas são desfeitas por Vênus, protetora dos portugueses, que, como compensação, prepara-lhes acolhida favorável em Melinde, cujo rei pede a Vasco que conte a história de Portugal. A ação cede lugar ao discurso de Gama, que enumera os feitos portugueses desde Luso e Viriato até a própria viagem da qual é comandante. Destacam-se nesta retrospectiva histórica: a batalha de Salado, o episódio de Inês de Castro, o episódio de Aljubarrota, a conquista de Ceuta, o sonho profético de D. Manuel. Na parte relativa à viagem destacam- se: o episódio do velho do Restelo, o fogo de Santelmo, a tromba marítima, o episódio de Veloso, o gigante Adamastor, a chegada a Melinde.Em seguida a esquadra parte para a índia. Baco provoca uma tempestade que é amainada por Vênus. Enquanto isso conta-se o episódio dos “Doze dé Inglaterra”. Finalmente, os portugueses chegam a Calecute, onde Paulo da Gama, irmão de Vasco, explica ao Catual o significado das armas e bandeiras portuguesas. Baco arma nova insídia e Vasco da Gama é aprisionado. É solto pela Catual mediante resgate. A esquadra inicia o regresso a Portugal e Venus, como prêmio, faz com que os portugueses aportem na Ilha dos Amores, onde Tétis profetiza a Vasco da Gama o futuro glorioso de Portugal.  (“Enciclopédia do Ensino Integrado e Supletivo”).

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É isso!

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