29 de out. de 2012

A origem da “Loteria”



Loteria, do italiano lotteria, é o jogo de azar cujos  prêmios sorteados correspondem a bilhetes numerados. Há quem imagina que a origem das loterias é cousa recente, ou, quando muito, do reinado de Luís XIV. Na verdade, este tipo de jogo foi originado em Paris, no ano de 1644, por uma ordenança denominada baneo, ou baneo real. Havia muito tempo em que os jogos de azar eram praticados por bancos da Holanda e em toda a Itália, inclusive em Lyion e em Cairo, no Egito. Mas foram os italianos que os  introduziram na França. Nos primórdios do reinado de Luís XIV, todas as damas da corte jogavam a loteria. Pouco tardou para esta espécie de jogo se sujeitar à vigilância policial, de forma que, para que muitas pessoas não caíssem em ruína, fixou-se um determinado preço para cada bilhete jogado, sendo estipulado que haveria dois meses de espaço entre a aposta e a extração dos lotes, e que os números seriam tirados da roda por um menino. As coisas se seguiam em perfeita ordem, quando seus corporações de mercadores se queixaram que a loteria lhes prejudicava o negócio, até que, em 1657, aboliu-se a loteria; porém, logo no ano seguinte foi estabelecida mais uma vez, sendo o prêmio proposto em dinheiro vivo.


Em seu belo romance “Dom Casmurro”, o genial machado de Assis, discorrendo sobre a “sorte grande” de sua personagem Pádua, escreveu: “Pádua era empregado em repartição dependente do ministério da guerra. Não ganhava muito, mas a mulher gastava pouco, e a vida era barata. Demais, a casa em que morava, assobradada como a nossa, posto que menor, era propriedade dele. Comprou-a com a sorte grande que lhe saiu num meio bilhete de loteria, dez contos de réis. A primeira idéia do Pádua, quando lhe saiu o prêmio, foi comprar um cavalo do Cabo, um adereço de brilhantes para a mulher, uma sepultura perpétua de família, mandar vir da Europa alguns pássaros, etc.; mas a mulher, esta D. Fortunata que ali está à porta dos fundos da casa, em pé, falando à filha, alta, forte, cheia, como a filha, a mesma cabeça, os mesmos olhos claros, a mulher é que lhe disse que o melhor era comprar a casa, e guardar o que sobrasse para acudir às moléstias grandes. Pádua hesitou muito; afinal, teve de ceder aos conselhos de minha mãe, a quem D. Fortunata pediu auxílio. Nem foi só nessa ocasião que minha mãe lhes valeu; um dia chegou a salvar a vida do Pádua.”

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É isso!

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