A palavra outono segundo alguns etimologistas vem do latim autumnus, que seria derivado de auctus, que significa aumentado, em referência ao fato de
que, nesta estação, acumulam-se com as grandes colheitas o trabalho dos
lavradores. No calendário, outono é a
estação do ano que precede o inverno e que no hemisfério norte vai de 22 de
setembro a 21 de dezembro e no hemisfério sul de 21 de março a 21 de junho.
Denota, simbolicamente: decadência,
declínio, ocaso. Exemplo de José de Alencar, em “Senhora”: “A
formosa moça trocara seu vestuário de noiva por esse outro que bem se podia
chamar trajo de esposa; pois os suaves emblemas da pureza imaculada, de que a
virgem se reveste quando caminha para o altar, já se desfolhavam como as
pétalas da flor no outono, deixando entrever as castas primícias do santo amor
conjugal”.
A palavra
primavera remete à expressão latina primo
vere: no princípio do verão.
Entre os romanos a primavera sagrada era um solene sacrifício que se faziam aos
deuses no instante de maior atribulação.
No calendário é a estação do ano caracterizada pela renovada vegetação e
que vai de 21 de março a 21 de junho no hemisfério norte e de 22 de setembro a
21 de dezembro no hemisfério sul. Denota, simbolicamente: juventude, aurora, flor da idade. Exemplo de José de
Alencar, em “Encarnação”: “Ela bem sabia, que depois de haver
gozado da mocidade, no fim de sua esplêndida primavera, teria de pagar o
tributo à sociedade, e como as outras escolher um marido, fazer-se dona de
casa, e rever nos filhos a sua beleza desvanecida”.
A palavra verão vem da expressão
latina veranum tempus: tempo primaveral, que se deriva de ver, veris:
primavera. No calendário é a estação do ano que, no hemisfério sul, vai de 21
de dezembro a 21 de março e, no hemisfério norte, de 21 de junho a 22 de
setembro. Tem o mesmo sentido de estio,
simbolicamente a idade madura.
A palavra inverno, latim: hiemale tempus
ou biberna tempora, designa, no
calendário, a estação mais fria do ano, que se situa entre o outono e a
primavera; sendo que: no hemisfério sul, estende-se do solstício de 21 junho ao
equinócio de 23 setembro; e, no hemisfério norte, do solstício de 22 dezembro
ao equinócio de 21 março. Denota, simbolicamente, a velhice, a decadência da
vida. Exemplo de Almeida Garret, em “Folhas Caídas”: “Se dos
meus se rirem, têm razão; mas saibam que eu também primeiro me ri deles. Poeta
na primavera, no estio e no outono da vida, hei-de sê-lo no inverno, se lá
chegar, e hei-de sê-lo em
tudo. Mas dantes cuidava que não, e nisso ia o erro.”
Coelho Neto, em “A Conquista”, faz uso de uma interessante figuração para as
estações do ano, que parece sintetizar toda a simbologia que as envolvem: “Eram inúmeras as roseiras encostadas a
espeques, filas de caladios diversos, begônias, cravos, magnólias, gardênias,
dálias, uma araucária esguia, várias palmeiras ornamentais e quatro figuras de louça,
sobre pilastras, figurando as estações. A Primavera era uma graciosa e linda rapariga que
sorria toucada de flores, pisando flores; o Outono era um ceifeiro moço com uma paveia de
trigo aos pés, a foice ao ombro, os olhos no céu, satisfeito e feliz; o Estio
era outra donzela, formosa e
jocunda, que festejava uma borboleta pousada no seu ombro nu e o Inverno,
metido entre árvores, era um
velho tristonho, barbado e ferrenho, curvado sobre um cajado, com o gabão muito
enrolado em volta do corpo magro e transido.” E, aqui, o nosso
maravilhoso poeta Mário Quintana diverte-se com as estações, nos brindando com
sua maestria poética:
Família desencontrada
O
Verão é um senhor gordo, sentado na varanda,
[suando
em bicas e reclamando cerveja.
O
Outono é um tio solteirão que mora lá em cima no
[sótão
e a toda hora protesta aos gritos: Que
[barulho
é esse na escada?!
O
Inverno é o vovozinho trêmulo, com a boina
[enterrada
[até
os olhos, a manta enrolada nos queixos
[e
sempre resmungando: Eu não passo deste agosto.
[eu
não passo deste agosto...
A
Primavera, em contrapartida
[- é
ela quem salva a honra da família!
[é
uma menininha pulando na corda cabelos ao
[vento
pulando
e cantando debaixo da chuva
curtindo
o frescor da chuva que desce do céu
o
cheiro de terra que sobe do chão
o
tapa do vento na cara molhada!
Oh! a
alegria do vento desgrenhando as árvores
revirando
os pobres guarda-chuvas
erguendo
saias!
A
alegria da chuva a cantar nas vidraças
sob
as vaias do vento...
Enquanto
-
desafiando o vento, a chuva, desafiando tudo -
no
meio da praça a menininha canta
a
alegria da vida
a
alegria da vida!
---
É isso!
Muito bom!!!
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