A palavra bonde
é alteração semântica da palavra inglesa bond:
apólice, isso pelo fato de haver, na
apólice das antigas companhias de bondes, o desenho de um veículo logo abaixo
da palavra bond, o que culminou, entre os
brasileiros, no aportuguesamento do termo para bonde, nomeando assim nosso tradicional veículo elétrico de
transporte urbano, que roda sobre trilhos. Adolfo Caminha, em sua comédia “A
Lotação dos Bonés”, faz menção da rotina
do bonde, bem lá nos seus primórdios:
CAMILO - E quis a minha boa estrela que
seu pai, ao chegar, às três horas da tarde, na rua Gonçalves Dias, no meio da
lufa-lufa do povo que ali se apinha à espera de bondes, tomasse o carro do
Jardim Botânico pelo das Laranjeiras, que investisse para ele, que Vossa
Excelência, mais ligeira, alcançasse um lugar e que ele ficasse na plataforma,
sendo daí enxotado pelo urbano, por estar fora da lotação. Nada mais natural.
Vossa Excelência não deu por isso; o bonde partiu e eis-me a seu lado, fruindo
esta ventura que me esperava.
[...]
RAMIRO - Minha filha,
que perdeu-se em um bonde e que a esta hora vaga pela cidade, sem uma bengala que a proteja. Eis aí em que deu a
medida da polícia. Chuche, seu Ramiro! Não há nada como morar fora da cidade,
dizem todos. Pois não, é ótimo! Vai um cidadão para casa, carregado como uma
carroça de trastes, leva muitos trambolhões, pontapés e socos, para escalar um
bonde; quando julga-se aboletado, empurram-no da plataforma, porque a lotação
está completa e lá se vai um pai sem uma filha, uma família sem chefe... Isto é
para fazer perder a cabeça!
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É isso!
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