5 de nov. de 2012

De onde vem o “Bonde”



A palavra bonde é alteração semântica da palavra inglesa bond: apólice, isso pelo fato de haver, na apólice das antigas companhias de bondes, o desenho de um veículo logo abaixo da palavra bond, o  que culminou, entre os brasileiros, no aportuguesamento do termo para bonde, nomeando assim nosso tradicional veículo elétrico de transporte urbano, que roda sobre trilhos. Adolfo Caminha, em sua comédia “A Lotação dos Bonés”,  faz menção da rotina do bonde, bem lá nos seus primórdios:

CAMILO - E quis a minha boa estrela que seu pai, ao chegar, às três horas da tarde, na rua Gonçalves Dias, no meio da lufa-lufa do povo que ali se apinha à espera de bondes, tomasse o carro do Jardim Botânico pelo das Laranjeiras, que investisse para ele, que Vossa Excelência, mais ligeira, alcançasse um lugar e que ele ficasse na plataforma, sendo daí enxotado pelo urbano, por estar fora da lotação. Nada mais natural. Vossa Excelência não deu por isso; o bonde partiu e eis-me a seu lado, fruindo esta ventura que me esperava.

[...]
RAMIRO - Minha filha, que perdeu-se em um bonde e que a esta hora vaga pela cidade, sem  uma bengala que a proteja. Eis aí em que deu a medida da polícia. Chuche, seu Ramiro! Não há nada como morar fora da cidade, dizem todos. Pois não, é ótimo! Vai um cidadão para casa, carregado como uma carroça de trastes, leva muitos trambolhões, pontapés e socos, para escalar um bonde; quando julga-se aboletado, empurram-no da plataforma, porque a lotação está completa e lá se vai um pai sem uma filha, uma família sem chefe... Isto é para fazer perder a cabeça!

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É isso!

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