Ao pé da letra suicídio é a morte perpetrada conta si mesmo. O suicídio era
conhecido entre os gregos e os romanos no tempo de seu maior esplendor; porém,
o que levava os gregos e romanos a dispor das suas vidas era quase sempre a
honra e o medo da infâmia. Segundo o rabino Henry I. Sobel, em “Os ‘porquês’ do
Judaísmo”: “O Judaísmo considera o
suicídio um crime tão grave quanto o
assassinato. No cerne da doutrina judaica está o ensinamento de que
nenhum ser humano é dono do seu próprio corpo, pois ele não se fez sozinho.
Quando se fere o corpo ou a alma, comete-se uma ofensa contra a obra e a
propriedade divinas. O Criador dá a vida, e somente o Criador tem o direito de
tirar a vida. Por este motivo, alguns dos ritos tradicionalmente incluídos na
cerimônia de sepultamento são negados ao suicida, e ele é enterrado numa parte
do cemitério afastada dos outros túmulos. Existe, entretanto, uma opinião
divergente: o suicida, no momento decisivo, não estava de posse de suas
faculdades mentais, ele agiu inconscientemente. Portanto, não deve haver discriminação
no sepultamento.” A questão da “honra” também foi causa de suicídio em
nossa terra. Em “A Normalista”, Adolfo Caminha nos brinda com um exemplo: “Maria do Carmo, cada vez mais
magra, sentido-se definhar dia a dia, descrente de tudo, tinha agora uma
certeza cruel que a torturava barbaramente, a certeza que estava para ser mãe,
de que muito breve o seu nome estaria completamente desmoralizado. Sentia bulir
dentro de si uma coisa estranha, que lhe incomodava como uma perseguição, e
mais de uma vez, nos seus momentos de grande desânimo, atravessara-lhe a mente
a idéia sinistra do suicídio. Sim, preferia matar-se a assistir às exéquias de
sua honra na praça pública, em todas as ruas da cidade, em todas as bocas.”
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É isso!
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